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22/06/2017

Singing along

A cantoria começa logo nos primeiros minutos da aula de Inglês. “Hello! Hello! Hello! How are you? I’m fine, I’m fine. I hope that you are too!”, entoa a professora Maria Júlia (Maju) Araújo, saudando os alunos do 1º ano do Fundamental, como de hábito. Não demora, ela canta outra, que serve de deixa para todos sentarem em seus lugares: “Everybody sitting down, sitting down, sitting down”. Até o fim da aula, ela cantará mais algumas de uma set list conhecida pela classe, terminando com a Bye Bye Song.

“Na Educação Infantil e nos primeiros anos do Fundamental, usar músicas nas aulas é essencial”, diz Maju, que tem alunos de 6 a 14 anos no Sabin. Segundo a professora, o uso de músicas de comando ajuda a estabelecer as rotinas nas aulas – hora de sentar, de fazer exercícios, de se despedir –, algo que, para crianças pequenas, é pedagogicamente necessário. Também é infalível para chamar a atenção da turma: “Se eu segurar quatro lápis e perguntar quantos são, nem todos podem estar atentos. Mas se eu começar a cantar: ‘Pencils, pencils, how many pencils can you see?’, toda a classe vai olhar para mim e responder ‘Four’”, diz Maju.

O uso da música não é só de ordem pragmática. Como explica a assessora de Inglês Renata Cunha, a exposição de conteúdos por meio da música é estratégia das mais eficientes: “A música facilita a memorização, e pela repetição eles vão sendo expostos a vocábulos, pronúncias, ritmos, estruturas sintáticas”, diz. “Mesmo que não percebam e nem usem esse conteúdo fora da música, aquilo vai alimentando um repertório que, mais adiante, eles vão utilizar”. Além disso, como lembra Maju, muitas crianças são cinestésicas – fixam melhor novos conhecimentos se os associarem a movimentos –, que é o que ocorre com as chamadas action songs (“músicas de ação”), que têm coreografias específicas, como a conhecida Head, Shoulders, Knees and Toes.

Mas os pequenos não são os únicos a se beneficiar das músicas. Segundo a professora e assessora de Inglês Margareth (Maggie) Gatto, cantar junto é uma forma de estimular alguns alunos a vencer a timidez que costuma aparecer na adolescência. E, se os mais novos trabalham com mais peso a escuta e a oralidade, mais tarde as músicas são ótimas para fixar também a leitura e a escrita. “Eu passo a letra de uma música com lacunas, para eles ouvirem e preencherem”, diz Maggie. “I Still Haven’t Found What I’m Looking For, do U2, por exemplo, é ótima para trabalhar o present perfect, se você deixar lacunas nos verbos”.

O exemplo também indica a mudança no repertório musical das aulas. “As músicas dos livros didáticos vão ficando ‘bobas’, e eles passam a trazer as que eles ouvem normalmente. Isso é ótimo, porque o centro de interesse da aula fica no aluno”, diz Maggie. “Nós aproveitamos a maioria das sugestões. Algumas servem para trabalhar tempos verbais; outras, para exercitar pronúncias. Outras ainda servem como temas de discussão, e assim vai”.