O novo laboratório de Biologia do Sabin reafirma o valor que o Colégio sempre deu à vivência prática da Ciência.
Entre a maçaneta da porta da enfermaria do Sabin, o corrimão da escada do Ensino Médio, um vaso sanitário do banheiro masculino e a tela do celular de um dos alunos, onde você apostaria que há mais bactérias? Era o que a turma da 2ª série E tinha de descobrir em uma das primeiras aulas do ano da professora Adriana Baroli, no novo laboratório de Biologia do Sabin.
Divididos nas bancadas do laboratório, os alunos trocavam entre si placas de Petri nas quais culturas de micro-organismos – colhidos em diferentes pontos do Colégio e deixados para proliferar em uma solução gelatinosa durante uma semana – podiam ser vistas a olho nu. Caminhando por entre as bancadas, Adriana pedia que classificassem os halos formados em cada uma das placas – manchas coloridas resultantes de bilhões de organismos aglomerados – por quantidade, tamanho e cor. “Se parecer uma gota de esmalte, brilhante, vermelha ou alaranjada, é uma colônia de bactérias; se for mais aveludada e fosca, branca, preta ou esverdeada, é uma colônia de fungos”, instruía a professora. “Deu para perceber a diferença?”.
Era fácil perceber – e inegável que a placa correspondente ao celular de um aluno trazia a colônia mais pujante de bactérias (já o recorde de fungos ficara com o tronco de uma árvore). Mas a higiene do aluno não estava em questão. “Além das mãos, o celular está próximo da nossa boca o tempo inteiro”, dizia Adriana. “Estão vendo por que é bom passar um álcool na tela todo dia?”. Às vezes, é realmente preciso ver para crer.
“É imensurável o valor do laboratório para a aprendizagem da Ciência: o aluno comprovar, na prática, questões teóricas aprendidas em sala de aula”, diz Adriana, citando apenas um dos benefícios pedagógicos de um bom laboratório escolar. Trata-se, afinal, de espaço dedicado inteiramente à prática científica – um lugar para o aluno exercitar a elaboração de testes controlados, verificação de hipóteses e registro criterioso, tornar-se proficiente no método e até, quem sabe, descobrir um talento adormecido. “O laboratório pode revelar um potencial que o aluno talvez nem descobrisse se vivesse a Ciência apenas por meio dos livros”.
No entanto, se o antigo laboratório de Biologia (que ficava dentro do Prédio Van Gogh, no corredor do Ensino Médio, junto às salas de aula) já propiciava tais benefícios, o novo espaço, inaugurado no início do ano do lado de fora do Prédio, em cima das salas da Coordenação, trouxe algumas vantagens a mais para o ensino da disciplina. Como logo ficou evidente – e os elogios ouvidos de alunos pela professora Adriana confirmaram –, o novo laboratório de Biologia do Sabin é maior e melhor do que o anterior.
“Há muito tempo vínhamos querendo mudar o laboratório”, diz o assessor de Biologia do Sabin, Aymar Macedo; “com a reforma da Coordenação, no ano passado, surgiu a oportunidade”. Segundo Aymar, a disposição das bancadas de trabalho do antigo laboratório era um dos primeiros motivos de queixa, por atrapalhar a circulação de pessoas. Antes conectadas de duas em duas por balcão e pia, agora quatro bancadas independentes se distribuem numa sala mais ampla (as pias foram posicionadas em uma parede), facilitando o acesso da professora Adriana e do técnico Paulo Landim aos alunos.
O maior ganho do novo laboratório, porém, está no que Aymar chama de “maior interação com o meio”, para projetos sobre Botânica e Ecologia. Se, antes, a professora Adriana e os alunos precisavam sair do Sabin e ir até o bosque em frente para plantar e observar algumas espécies vegetais, o novo laboratório tem uma estufa anexa – para plantas que precisam de condições ambientais específicas (como iluminação e temperatura controladas) –, além de estar ao lado do jardim do antigo chafariz do Colégio, transformado em canteiro, onde serão cultivadas plantas terrestres, plantas aquáticas e animais invertebrados, como abelhas jataí (espécie sem ferrão), bichos-pau e tatuzinhos, entre outros (o canteiro também contará com uma composteira).
“É muito importante reaproximar os jovens da realidade da natureza, principalmente em relação às plantas”, diz Adriana Baroli. “Desde pequenos, nós somos instruídos a não matar bichinhos, mas muita gente ainda arranca uma flor sem culpa; não tem noção de que plantas são seres vivos, têm DNA, têm metabolismo”. E, se não bastasse toda a vida vegetal ao seu redor, os alunos ainda convivem com um ecossistema inteiro ao seu lado: um grande aquário de água salgada, com peixes, moluscos, corais e outros seres marinhos.
Segundo Aymar Macedo, plantas, animais e equipamentos à disposição dos alunos no novo espaço “não deixam a desejar se comparados ao que é oferecido numa boa universidade; dá para desenvolver pesquisas acadêmicas sérias aqui”. Para o assessor, a qualidade da infraestrutura reflete o valor que o Sabin sempre deu às aulas de laboratório (de Biologia, de Física e de Química), que, desde a fundação do Colégio, são pensadas quase como uma disciplina em si, complementar à teoria, com grade horária, professores e avaliações próprios. “Sempre valorizamos a vivência laboratorial para a formação de nossos alunos”, diz Aymar. “No futuro, o trânsito deles pelos laboratórios das universidades em que estudarem será bem mais confortável e produtivo”.